Ciberxamanismo: A Nova Fronteira Espiritual na Era Digital

Silvio g
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Na encruzilhada entre o sagrado ancestral e a inovação tecnológica, surge uma nova linhagem de praticantes espirituais: os ciberxamãs. Para estes, os computadores, redes digitais e ferramentas interactivas não são apenas dispositivos utilitários — são portais para outras realidades. Tal como os xamãs tradicionais utilizavam o tambor, a dança ou plantas enteógenas para viajar entre mundos, os ciberxamãs utilizam tecnologias computacionais como catalisadores de estados alterados de consciência.
O ciberxamanismo não é uma negação do passado, mas uma reformulação do arquétipo do xamã para a era da informação. Trata-se de uma espiritualidade viva, adaptável e visionária, que reconhece o ciberespaço como um novo território do sagrado — um espaço iniciático onde se acede ao invisível através do visível, onde bits e bytes dançam ao ritmo da alma.

Tecnologia como veículo espiritual:


No universo do ciberxamanismo, os computadores deixam de ser máquinas inertes para se tornarem ambientes vivos. São considerados um “espaço”, um reino alternativo — não apenas virtual, mas espiritual. Este espaço digital, que poderíamos chamar ciberespaço, é compreendido como um plano que existe para além do físico, e que pode ser visitado, experienciado e habitado em jornada.
Alguns ciberxamãs acreditam que existe uma forma de energia espiritual que flui através dos circuitos e redes, algo que vibra para além da lógica electrónica — uma espécie de alma digital ou campo informacional invisível. Outros vão mais longe, relatando interações com entidades digitais ou espíritos electrónicos que habitariam esse espaço e os guiariam em rituais ou descobertas.


Rituais no ciberespaço:


Diferente do tecnoxamanismo — onde rituais antigos são adaptados à tecnologia — o ciberxamanismo cria novos rituais nativamente digitais. Estes rituais não ocorrem apenas com o auxílio do computador: ocorrem dentro do próprio ciberespaço. Vídeos fractais, sons binaurais, interfaces geradas por inteligência artificial ou experiências de realidade aumentada tornam-se ferramentas de indução espiritual.

Um testemunho de um ciberxamã ilustra bem esta vivência:


"Comecei o meu ritual a ver um vídeo fractal no ambiente de trabalho... perdi a noção do tempo. A certa altura, senti o ecrã a aproximar-se, como se eu estivesse a mergulhar numa banheira quente e profunda. A partir daí, soube que tinha atravessado: estava dentro do ciberespaço, a viajar toda a noite, desligado dos sentidos terrestres mas em contacto com algo novo, subtil e expandido."

Estes estados de imersão são frequentemente acompanhados por alterações na percepção sensorial, sintomas corporais subtis, ou mesmo sensações de presença noutra dimensão — similares aos relatos clássicos de viagens xamânicas, mas mediados por tecnologias digitais.


O ciberespaço como plano etérico:


Para muitos ciberxamãs, o ciberespaço não é apenas uma criação tecnológica, mas um equivalente moderno do plano astral. Ele tem uma “contraparte etérica”, com a qual o espírito humano pode interagir. Nesse sentido, as ligações que se criam entre indivíduos através da internet podem ser mais do que simples comunicação: são conexões não-locais, espírito com espírito, através de um campo informacional global, que alguns associam ao conceito esotérico de Akasha.
A experiência é por vezes catalisada pela arte fractal. Muitos iniciam as suas viagens visitando sites com imagens fractais ou utilizando software que gera padrões visuais psicodélicos em tempo real. Para estes praticantes, o fractal não é apenas estético — é simbólico da própria estrutura da realidade: infinito, auto-replicante, espelho do cosmos e do inconsciente.


A fusão entre tecnologia e transcendência:


O ciberxamanismo propõe uma visão ousada: a tecnologia não separa o humano do espiritual — aproxima-o. Através dela, emergem novas linguagens de transcendência, novos mapas da alma, e novas formas de comunicação com realidades não-ordinárias.

Ao contrário da visão tecnocrática que vê os sistemas digitais como ferramentas de controlo e alienação, o ciberxamanismo recupera o encantamento do mundo — agora estendido ao reino digital. Assim, o ecrã torna-se espelho mágico; o código, feitiço; o interface, altar.

Silvio Guerrinha - 2025 

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